20 de agosto, dia de Santo Estêvão (Szent István király)

Dia de Santo Estêvão, em homenagem ao fundador do Reino da Hungria por volta do ano 1000, e o primeiro rei húngaro, recebendo o título de Papa rex. Rey Esteban promoveu o Cristianismo na Hungria e forjou boas relações com estados vizinhos para integrar húngaros na Europa, após décadas de lutas e batalhas com os seus vizinhos. Ele centralizou o poder do Estado e criou um sistema de municípios subordinados ao poder real. Seu reinado durou de 1.000 a 1.038 e foi um dos principais responsáveis em colocar alguns dos fundamentos do Estado húngaro com o que conhecemos hoje. Foi canonizado em 20 de agosto, 1083, de modo que este dia é comemorado em sua honra.

Para detalharmos mais sobre esta importante data, conversamos com o Professor Doutor, Ferenc Pál, co-fundador e ex-diretor do Departamento de Língua Portuguesa e diretor do Centro Científico Brasileiro da Universidade Eötvös Loránd de Budapeste.

Quem foi Santo Estêvão?
Santo Estêvão ou Estêvão I. foi o primeiro rei da Hungria. Filho do príncipe Géza, um dos chefes das tribos húngaras que no final do século IX chegaram ao atual território da Hungria, ocupando-o como pátria definitiva. O príncipe Géza tomou uma decisão muito importante do ponto de vista das tribos de húngaros e aliados: entrou em contato com os reinados do Ocidente e deixou entrar o cristianismo ocidental no país, sob a influência de sua esposa, Sarolt. Entrou em contato com o bispo Pilgrim, de Passau e chamou clérigos bávaros ao país, que o batizaram. Depois, em 973 ou 974 foi batizado seu filho, Vajk, que no cristianismo recebeu o nome Estêvão, santo protetor da diocese de Passau. Dado que o cristianismo na corte de Géza foi antes uma consideração política e dinástica do que uma ideia religiosa, o enraizamento e a consolidação da nova religião foi depois a tarefa de Estêvão. Géza afastando seu rival, Koppány, garantiu o trono para seu filho Estêvão que teve como preceptor Adalberto, bispo de Praga que o crismou e ajudou a lhe encontrar uma esposa católica, Gizela, filha do príncipe bávaro, Henrique II, da dinastia dos imperadores Romano-Germânicos.
Depois da morte de seu pai, em 997, Estêvão assumiu o poder como príncipe, e depois de vencer Koppány — com a ajuda de contingentes de cavalaria pesada, vindos acompanhando sua esposa –, resolveu aceitar a soberania do Papa, de Roma. Assim ele quebrou a tradição dos húngaros gentios que se consideravam descendentes da ave falconiforme Turul (Falco cherrugi), Por intermédio do abade Astrik, de Pannonhalma recebeu uma coroa e bendição apostólica do Papa, assim o Principado Húngaro se integrou definitivamente entre os países católicos ocidentais. Estêvão, segundo as crónicas e anais foi coroado no ano 1000 ou no ano 1001: parece ser uma data aceitável o dia primeiro de janeiro de 1001. (A viragem dos milénios foi sempre acompanhada com premonições apocalípticas do fim do mundo, e dado que isso não aconteceu, Estêvão pôde ser coroado.)

O que ele representa para o país?
Estêvão terminou o processo encetado pelo seu pai, difundiu e fortificou o cristianismo no país como “rei por graça de Deus”. Criou as condições de a Hungria encontrar seu lugar entre as nações da Europa de então. Vencendo em batalhas sangrentas seus inimigos, adversários da nova religião, quis criar a unidade de toda a bacia dos Cárpatos, assim queria viver em paz com os estados vizinhos. Como primeiro passo, ele casou suas irmãs tendo em vista seus fins políticos, assim ele chegou a alargar as fronteires do país e obter fortes aliados políticos. Na política exterior, a pesar de, como consequência de seu casamento com Gizela, se aderir aos países ocidentais, ele quis ter boas relações também com o Império Bizantino.
Fazia muito para consolidar a situação geral do país. De um lado, com a difusão do cristianismo, amansou a moral do povo gentio, no qual ajudaram suas leis bastante severas no caso de roubos e homicídios. De outro lado ele fundou arcebispado em Esztergom e em Kalocsa, organizando vários bispados pelo país fora, promovendo assim a vida religiosa nas aldeias, pois cada dez aldeias tiveram a obrigação de levantar um templo e assistir a missa aos domingos.
Suas leis transformaram os costumes referentes à herança, defendendo a propriedade privada e acabando com o costume do levirato (quando a viúva de um monarca tinha de se casar com o membro maior da linhagem de seu ex-marido). Introduziu o sistema dos tributos e cunhou moeda, o dénar de prata. Acabou com o sistema social baseado nas relações familiares e introduziu a gestão territorial, assim em lugar da vida nômade introduziu o cultivo da terra. Tudo isso originou além de câmbios políticos, um câmbio no modo de viver do povo húngaro.

Qual a influência dele na Hungria nos atuais dias?
O culto de Santo Estêvão é até hoje vivo na Hungria. Se venera como fundador do Estado católico húngaro e como uma pessoa de alta visão política que encontrou lugar a este povo vindo das estepes asiáticas entre os países católicos da Europa, garantindo assim a sobrevivência e a existência milenária do país. O dia 20 de agosto desde sempre (com excepção dos anos do comunismo quando neste dia se celebrava o “dia do pão novo”) tinha sido o dia quando se comemorava o “Santo Estêvão, Fundador do Estado”. Neste dia se celebram procissões, e na procissão de Budapeste, que parte da Basílica de Santo Estêvão, mostram a relíquia dele que é o seu braço direito.
Tem sido e é muito citada a coleção de suas “Advertências ao príncipe Emérico”, uma série de conselhos e admoestações sobre a moral e a governação do país, em latim, que o rei dirigiu ao seu filho, Emérico. Estas advertências mostram os cuidados do rei sobre a conservação da religião católica no país, a veneração dos dirigentes da igreja e do país, sobre a admissão e acolhida dos forasteiros e convidados, assim como sobre a caridade, misericórdia e outras virtudes.
Havemos de sublinhar o empenho do rei sobre a sucessão. Não apenas com estas advertências dirigido ao seu filho, mas também com aqueles esforços que ele desenvolveu após a morte prematura deste, porque sabia que só uma sucessão feliz pode conservar o país.

O que o cristianismo representa para Hungria após receber o título de Papa rex?
Com fica claro do antes dito, a cristianismo foi uma questão vital para a Hungria, porque assim pôde formar parte dos países europeus. A Hungria até hoje pode ser considerado um país católico ou pelo menos religioso, pois o protestantismo no século XVI, que coincidia com a invasão turca, conquistou muitos fiéis na parte sul-oriental do país (a atual Transilvânia). Mas a parte ocidental continuava com as tradições católicas, defendendo o Ocidente contra a ameaça turca, tendo-se transformado num baluarte da defesa da fé..

Para quem for visitar a Hungria, onde ficam os principais monumentos, igrejas, memoriais de Santo Estêvão?

O maior monumento que o estrangeiro pode ver é a Basílica de Santo Estêvão em Budapeste, na parte de Pest, perto do Danúbio. Vale a pena visitar também a Basílica de Esztergom, cujo arcebispado foi fundado por Santo Estêvão. Além disso, há uma estátua equestre do rei no Castelo da Buda, ao pé da Igreja de Coroação de Matias, obra de Alajos Stróbl (1906).
http://www.budapest-foto.hu/Szent%20Istvan%20szobor_2.htm,
outra estátua do rey se encontra numa ladeira do monte Gellért:
https://hu.wikipedia.org/wiki/I._István_magyar_király#/media/File:Hungary-2498_-_St._Istvan_(7814428068),
Outras estátuas comemorando o grande rei se encontram na cidade de Székesfehérvár (obra de Ferenc Sidló, 1938)
https://hu.wikipedia.org/wiki/I._Istv%C3%A1n_magyar_kir%C3%A1ly#/media/File:Szent_Istv%C3%A1n-szobor.jpg., na região do Lago do Tisza (obras de Gábor Varga, 2006
http://kiskore.hu/latogatoinknak/helyi-ertektar/epitett-ertek/32-szobrok-emlekmuvek/260-szent-istvan-szobor,, a estátua do rei Estévao I e sua esposa Gizela na cidade de Veszprém (obra de József Ispánky, 1938). https://hu.wikipedia.org/wiki/I._Istv%C3%A1n_magyar_kir%C3%A1ly#/media/File:Stephen_I_of_Hungary_and_Giselle_of_Bavaria_statues_in_Veszpr%C3%A9m.jpg,
na cidade de Makó (obra de Lajos Győrfi e Jenő Kiss, 2000)
https://hu.wikipedia.org/wiki/I._István_magyar_király#/media/File:Mounted_statue_of_Stephen_I_of_Hungary.JPG.

Entre os jovens tem muita popularidade uma opera rock, intitulada Estêvão, o rei, estreada em 1884, e da autoria de Levente Szörényi e János Bródy, que narra os acontecimentos da toma do poder do ilustre monarca e que pode ser descarregada destes sitios:

https://www.youtube.com/watch?v=TkTic-SO1E4.
Mas não podemos esquecer que o compositor Ferenc Erkel dedicou sua última opera (1885) ao Rei Estêvão, falando nela sobre os últimos anos do monarca: https://www.youtube.com/watch?v=CSuMS1sdtBg

A veneração que o povo húngaro tem por Santo Estêvão a ilustra muito bem que várias aldeias húngaras levam seu nome, como Királyszentistván és Szentistván. Mesmo os húngaros que emigraram para os estados de São Paulo e Paraná, guardaram sua lembrança, criando aldeias como Szentistvánkirályfalva ou Szentimrefalva.

Quais os ensinamentos, conselhos deixados por Santo Estêvão, que podemos levar para toda nação, inclusive para o estado do Paraná?

Sendo o primeiro entre os santos monarcas húngaros, junto com o príncipe Santo Emérico e o rei Santo Ladislão, em primeiro lugar dá um exemplo de santidade, de alta responsabilidade humana pela causa da religião, da moral e sentimento pátrio, o que serve de ensinamento para a posteridade. Nele que foi um legislador severo para salvar sua nação se misturam de um lado a rigorosidade e algumas vezes cruel severidade com a clemência e amor do homem educado em espírito religioso porque podia perdoar, em suas orações, aos pecadores.
Além disso, nos últimos anos quando tínhamos e temos de enfrentar a migração massiva das pessoas necessitadas, se citam suas palavras sobre os estrangeiros – que saíram da experiência de um país multinacional – que hão de ser recebidos com amizade a compreensão, porque um país com várias nacionalidades é mais forte do que uma nação una.

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